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  • Foto do escritorFutebol em Rede

Um ídolo devia ter direito de se despedir decentemente

A saída de Fábio do Cruzeiro depois de anos de glória e próximo dos mil jogos com a camisa do clube causou críticas, consternação, raiva e emoção para muita gente. É difícil parar um ídolo. Não há no manual algo que ensine a melhor forma. Todas são tristes e dolorosas. Qual seria a melhor forma?



Até nisso Pelé foi mestre. Parou por conta própria, foi embora e não sobrecarregou emocionalmente nem o técnico da época e nem a diretoria do Santos. Tanto é que sinceramente nem lembro quem eram eles. Lembro apenas de Pelé ajoelhado no centro do gramado de Vila Belmiro agradecendo os torcedores e dando adeus.



Os jogadores da Ponte Preta, o primeiro foi Mosca, um bom meia do time campineiro, chegaram nele e os santistas também. Como reverência o árbitro esperou o evento terminar. O jogo já não importava mais. Saia de campo o Maior de Todos os Tempos. A história estava sendo escrita ali pela última vez.



Talvez devessem deixar Fábio entrar em campo mais uma vez para se despedir da torcida da mesma forma que fez Pelé. Seria mais respeitoso, acho eu. Ele não é Pelé, mas depois de Raul Plasmann é o maior goleiro da história do Cruzeiro não só em número de jogos, mas em conquistas também. Todos sabiam que a escalação começava com Fábio e mais dez. Foram anos a fio assim. Talvez até pudesse passar a camisa para o futuro goleiro do Cruzeiro. Seria menos traumático e mais honroso. Para ele e para o Cruzeiro.



Mas aí está o xis da questão. O Cruzeiro que Fábio defendeu não existe mais. Agora é uma empresa que tem dono e que visa lucro. É a culpa desse futebol capitalista que vivemos, que a própria imprensa cansou de endeusar mundo afora. A frieza da relação comercial chegou ao futebol brasileiro também. Não era o que queriam? Isso choca para aqueles que acham que paixão e gratidão ainda fazem parte desse esporte. Esqueçam, será o lucro pelo lucro. Os tempos românticos de amor à camisa serão esquecidos rapidamente.



Até entendo que talvez não seja mais o momento de Fábio e que seus salários são altos demais para a Série B. A questão é a forma de se fazer e a falta de respeito por quem deu tanto para o clube. Todos param um dia. O tempo é inexorável e cobra de todos. Na verdade é o que sempre digo, o tempo é apenas uma fábrica de passados. Tudo é levado por ele e vira história. E por isso a história de Fábio não será esquecida e dificilmente será suplantada. Duvido que esse novo Cruzeiro/Empresa deixe alguém ficar no auge por muito tempo. Vai se livrar dele rapidamente para ganhar uns trocos a mais.



Boa sorte, Fábio. A torcida do Cruzeiro diz a você muito obrigado. Vida que segue. Não rumine muito as maldades da vida. Valorize mais suas vitórias. Essas ficam para sempre. Esse é o recado do tempo.










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