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  • Foto do escritorFutebol em Rede

Só faltou ser Flamengo


O Flamengo bateu o Fluminense no Maracanã vazio, 1 a zero, e conquistou o bicampeonato carioca. Foi o 36º título estadual do rubro-negro. A mais estranha das conquistas. Flamengo campeão sem torcida, sem estádio lotado é como Páscoa sem ovos de chocolate ou Natal sem árvore e pisca-pisca. Nem o futebol foi o esperado. Justo foi, o elenco do Flamengo é muito superior aos demais. Jorge Jesus ( Foto – Alexandre Vidal-CRF ) foi outro fator fora da curva. Nem bem fica, nem se despede. Foi um balde de gelo na comemoração e um silencioso mistério.


Pelo elenco e pela lembrança do futebol da temporada passada, o Flamengo tinha a obrigação de levar o caneco carioca até sem necessidade de finais. O desempenho dentro e fora de campo não foi o esperado. O time não atropelou adversários e não arrancou suspiros. Conseguiu perder três pênaltis na decisão da Taça Rio e adiou a conquista para as finais. Venceu os dois jogos contra o Fluminense, quase por obrigação. Foi tão opaco que o gol do título foi de um reserva, com desvio de um pé adversário.


Fora de campo, uma enxurrada de motivos, tiraram o brilho da conquista. A pandemia afastou o torcedor e os estádios ficaram vazios. A direção do clube transformou a disputa esportiva numa guerra partidária e foi líder de uma volta precipitada. Teve vantagem de treinar até antes de rivais. Usou a força da torcida para travar guerrilha na transmissão de TV. Não ganhou o dinheiro que imaginava e foi mais coadjuvante de questão política do que protagonista dentro de campo.


O fator Jorge Jesus tirou o clima de festa. O Flamengo fez a obrigação e renovou contrato com o treinador português após a temporada inesquecível de conquistas e bom futebol. Arrancou mais um ano de contrato, mas aceitou cláusulas indigestas de destrato dando ao treinador opções de saída. É como alguém aceitar matrimonio com a morena até que uma loira apareça. Resultado, saiu campeão do Maracanã como se saísse sem falar com a amante de um motel.


Por tudo isso, o bicampeonato do Flamengo foi menos comemorado e mais encenado. Estádio vazio, pandemia, mais bastidor do que bola, gol sem grito da torcida, melhor sem provar ser melhor e uma infinidade de detalhes fizeram de uma conquista do Flamengo, algo estranho. O título carioca não foi nem nunca será injusto. O Flamengo foi superior aos adversários e mereceu a taça, mas só não foi Flamengo.

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