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  • Foto do escritorFutebol em Rede

Rony é o Guerreiro de hoje.


Um dia o Flávio Prado resolveu fazer uma entrevista com Pelé e seus companheiros de ataque do Santos num especial da TV Gazeta. Fui de carona para pegar uma rebarba para a Jovem Pan. Pelé nos recebeu em sua casa, no Guarujá, almoçamos com ele e mais Dorval, Mengalvio, Coutinho e Pepe. Era o ataque dos sonhos. Passamos um dia ao lado dos Deuses do Futebol, que relembraram coisas fantásticas de sua gloriosa trajetória. Foi um presente divino para nós.



A manchete acima não tem nada a ver com esse encontro/entrevista, mas no fundo tem. Fez pensar em algo que Pelé me falou naquele dia sobre Toninho Guerreiro. Ele tinha feito uma dupla perfeita com Coutinho, que é reverenciada até hoje. Mas daí chegou de Bauru um tal Toninho. Era goleador, mas não tinha a técnica suave de Coutinho. Sabia jogar muito e se colocar como poucos. Não tinha bola perdida. Chegou a jogar de ponta-direita e bem, mas se precisasse dava impressão que ia até de zagueiro ou de goleiro. Foi reserva de Coutinho muito tempo, nunca reclamou. Chegou em 1963, no Santos, quando a citada dupla histórica ainda desfilava mundo afora. No Santos foram 373 jogos e 283 gols.



Por isso Toninho ganhou o apelido de Guerreiro. Pelé disse que ficou impressionado com sua vontade de vencer: "Aquele homem queria ganhar, não aceitava derrota. Brigava pela bola como se ainda fosse um juvenil e isso o tornava respeitado pelos companheiros. Nunca vi nada igual. E olhe que eu também era um chato que queria vencer sempre". Pelé disse tudo isso quando foi perguntado sobre a parceria com Coutinho, que naquele momento estava ao seu lado na mesa, e balançava positivamente a cabeça concordando com o Rei., Ele e os outros também. Eu que quando comecei a ouvir futebol no Rádio, o centro-avante do Santos já era Toninho, fiquei feliz. Ele era meu ídolo a distância. Depois de Pelé era o cara que eu mais gostava. Minha frustração é não ter feito uma entrevista com ele. Nunca falei com Toninho. Ele faleceu aos 47 anos vítima de derrame cerebral no dia 26 de janeiro de 1990.



Por isso citei Rony, na manchete. É o novo Guerreiro. Tenho certeza que Toninho era mais jogador que ele, mas à sua maneira a luta é igual. Não tem bola perdida, perde muitos gols, mas faz muitos também. Por isso está no coração dos palmeirenses e tem o respeito dos companheiros. Ele me passa a mesma impressão que tinha de Toninho. Se for preciso vai de zagueiro, vai de goleiro e não deixará de lutar. Ele não é centroavante, mas é o centro-avante, ou como queiram, o jogador mais adiantado do ataque do Palmeiras.



Ele não é o melhor do time, longe disso tecnicamente falando, mas sem ele o ataque fica órfão. Não será sempre assim, outros virão, mas agora é assim. Rendo minhas homenagens ao Rony, o ruim que é bom, o que ajuda e não para de correr. O que faz gols lindos e perde gols incríveis, mas você pode contar com ele. Não foge do pau. É o primeiro zagueiro do Palmeiras e o primeiro atacante. Quando o Palmeiras trouxe Flaco Lopes e Merentiel, eu avisei: "Quem vai jogar é o Rony". Ah, mas ele é jogador de lado, não é de área. Mentira, ele joga em todos os lados.



Vários jogadores com esse estilo marcaram no futebol. Citei Toninho porque lembrei dessa conversa com Pelé, que jogou com ele e o admirava, mas podia citar muitos outros. Não espere jogadas geniais de jogadores assim. Podem até acontecer, mas contem com sua luta e transpiração sempre. Quando deram a divina camisa 10 do Palmeiras para ele torci o nariz. A 10 para mim, que sou conservador nesse negócio de futebol, tem que ser sempre a camisa do craque ou de alguém que tenha uma técnica mais refinada. Mas hoje reconheço. Ele merece a 10. O Palmeiras é Rony e mais 10.









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