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  • Foto do escritorFutebol em Rede

Lado hipócrita do futebol


Lado hipócrita do futebol existe e a Inglaterra resolveu expor o assunto. O tema é a possível compra do Newcastle pela Arábia Saudita. A compra de um clube de futebol sempre foi tema sensível, mesmo para aqueles que defendem a abertura e a entrada de recursos no esporte. A origem do dinheiro acaba virando manchete no jornal por vários motivos. Lavagem de dinheiro, muitas vezes escandalosa. Interesses econômicos inconfessáveis e agora a ideologia.


Não deixa de ser uma hipocrisia tornar o assunto um tema ideológico. A justificativa para a discussão é apontar que a Arábia Saudita preenche o cheque para comprar o Newcastle para ampliar sua influência política e encobrir o desrespeito aos direitos humanos praticados dentro de casa. Um lindo argumento, não fosse o futebol um hospedeiro tradicional desse tipo de investimento. O esporte serve de pano de fundo para várias ações com finalidades sem pureza de princípios.


Existem exemplos intermináveis de interesses políticos acomodados no futebol. A sede de uma Copa do Mundo, por exemplo, é definida pela força do dinheiro. Ninguém questiona se a intenção da Rússia em 2018 era promover o esporte local ou fazer marketing político do país sediando a competição mais visualizada do planeta. E não é só o futebol, Jogos Olímpicos já serviram para defender ideologia nazista e esconder atitudes antidemocráticas.


O dinheiro que alimenta o esporte, não deixa de ter um rastro de interesses inconfessáveis. Na mesma Inglaterra, o Manchester City é um exemplo interessante. O clube foi comprado por um grupo dos Emirados Árabes com a mesma finalidade, expor através do esporte uma imagem de poderio econômico e grandeza. O Catar que vai sediar a próxima Copa do Mundo, faz o mesmo ao injetar milhões de euros no Paris Saint Germain. Perguntem aos torcedores desses clubes se esse dinheiro pesa na consciência deles. Jamais. A preocupação dos fãs é ver seus sonhos realizados em conquistas e se o dinheiro faltar, chutam a bunda do investidor e fim de papo.


Essa deveria ser a discussão ideológica. O dinheiro que alimenta o esporte deve ser sim questionado. Não pode estar ligado a crimes e criminosos. Na Colômbia, o narcotráfico, foi fonte de alimento de vários clubes. A morte do zagueiro Escobar após uma falha numa Copa do Mundo, chocou, mas nunca foi devidamente questionada. Enquanto a porta estiver escancarada para o dinheiro alimentar o esporte sem ressalvas, houver justificativas com aparências saudáveis, discutir as más intenções da Arábia Saudita e esconder outros investidores beneficiados, soa como uma enorme hipocrisia. A verdade hipócrita do esporte é que o dinheiro é tão importante que está virando reserva de mercado. O doce sabor que o dinheiro impõe ao esporte, não esconde o amargor da origem dele.

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