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EU NÃO DEVERIA ESCREVER SOBRE ISSO...


Eu não gosto de futebol feminino.


E mesmo sabendo que serei execrado até mesmo por muitos colegas e tachado de machista, misógino e sei lá mais do que por todos aqueles e todas aquelas que se utilizam das armas que têm para enfiá-lo goela abaixo do brasileiro, informo que minha rejeição ao que chamo de “subproduto” do futebol nada tem a ver com tais posturas.


Não creio que homens sejam superiores a mulheres – aliás, ao contrário: em quase todas as atividades, elas nos superam. Só não o conseguem jogando bola. Não gosto de futebol feminino da mesma forma que também não gosto de ciclismo, de tênis (para mim, seu criador, um tal de Walter Wingfield, sofria de insônia), de automobilismo e de coisas que nem esporte são, mas que muitos assim as consideram, como turfe, MMA ou corrida de cachorro.


E por que resolvi utilizar este espaço para tornar pública minha opinião? Porque um antigo ditado diz que, às vezes, é melhor ouvir certas coisas do que ser surdo. Não vou, por uma questão de ética profissional, citar o nome da colega jornalista que teve a coragem – e ao meu ver também a imbecilidade – de dizer o que vocês lerão a seguir, mas ao me deparar com suas palavras antes da final do Campeonato Paulista Feminino quase perdi os poucos cabelos que ainda me restam.


Pois bem. Comentava a “coleguinha” sobre o jogo entre as “Bravas” corintianas e as meninas da Ferroviária, numa espécie de texto-apresentação da “grande decisão” que sua emissora exibiria ao vivo em um horário nobre, quando de sua boca saíram estas palavras: “Eu acredito que este time feminino do Corinthians será lembrado daqui a 20 anos, 30 anos, da mesma forma como hoje nos lembramos do Santos de Pelé, do São Paulo de Telê e do Flamengo de Zico”.


Por mais que tal frase seja absurda, inaceitável e desrespeitosa com três das maiores equipes de futebol que o mundo já viu, talvez a profissional realmente pense desta forma. Porém também é possível que tenha apenas cumprido uma ordem superior, a fim de valorizar a transmissão que começaria algumas horas mais tarde. Mas tanto faz: o que importa é o ridículo que ela passou e, pior ainda, a tentativa de criar mais uma “fake News” e tentar transformar tais palavras em verdades absolutas.


Por mim, pode ter Paulistão, Copa do Brasil, Brasileirão, Mundial de Clubes, Copa do Mundo o escambau de futebol feminino, só não vou engolir que, de uma hora pra outra, a modalidade tenha se transformado na mais nova paixão nacional. O brasileiro dá às meninas que jogam bola a mesma importância que concede aos rapazes que jogam beisebol, e quem discorda disso ou faz de conta de que vive em outro planeta ou, então, age por interesses pessoais.


Para finalizar, e me lembrando de novo do antigo ditado, após ouvir a comparação acima descrita creio que, algumas vezes, ele está invertido: talvez seja melhor ser surdo do que ouvir certas coisas.

­­­­­­­­­Márcio Trevisan é jornalista esportivo há 34 anos. Escritor com cinco livros publicados, começou no extinto jornal A Gazeta Esportiva, onde atuou por 12 anos. Editou várias revistas, esteve à frente de vários sites, fez parte de mesas redondas na TV e foi assessor de Imprensa da S. E. Palmeiras e do SAFESP. Há 17 anos iniciou suas atividades como Apresentador, Mestre de Cerimônias e Celebrante, tendo mais de 450 eventos em seu currículo. Hoje, mantém os sites www.senhorpalmeiras.com.br e www.marciotrevisan.com.br. Contatos diretos com o colunista podem ser feitos pelo endereço eletrônico apresentador@marciotrevisan.com.br.



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