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  • Foto do escritorFutebol em Rede

COMPLEXO BOTAFOGO


O Botafogo acaba de eleger um novo mandatário. O empresário Durcesio Mello foi eleito para comandar o tradicional clube da estrela solitária em meio à várias polêmicas e uma dívida gigantesca. Seu maior aliado no clube, o ex-presidente Carlos Augusto Montenegro. Até aqui tudo certo e boa sorte ao novo presidente, vai precisar e muito. Colocar no trilho um clube com 1 bilhão de reais em dívidas e fazer a roda girar com receitas bloqueadas e uma dívida de curto prazo alta, será quase um milagre.


Não serão só as dívidas os desafios do novo presidente. Para fazer o clube permanecer disputando competições, o primeiro passo é evitar o que Carlos Augusto Montenegro chamou de falência. Dinheiro para água, luz, bolas e despesas imediatas. O risco de rebaixamento no Brasileiro existe. A pandemia afastou público dos estádios. E o clube vem buscando em benfeitores caixa para não afundar. Receitas não existem e as que deveriam existir estão bloqueadas.


O cenário desolador exige atitudes. Acompanhei as declarações do vencedor. Gestão profissional, um CEO conduzindo o processo, extinção de cargos, tudo promessas que exigem muito esforço para dar certo. Tem muita coisa fora do lugar. Sedes sociais como Mourisco e General Severiano para reformar. Nem imagino como está o pagamento do estádio Nilton Santos. Tem o prometido CT que a família Moreira Salles ficou de tocar. São tantos os pepinos, que se candidatar a presidente do clube teria que exigir atestado de sanidade mental.


O pior de tudo ou o mais complexo é apontar como caminho para entrar dinheiro novo, a transformação do clube em Sociedade Anônima. Uma saída misteriosa. Os defensores da ideia insistem que assim captariam recursos com mais facilidade, que os torcedores poderiam ser acionistas e etc. Algumas perguntas ficam sem respostas. Quem colocaria dinheiro bom numa instituição que em tese não proporciona lucro? Muita coisa na lei e no estatuto do clube teria que mudar. O plano A já foi engolido pelas dificuldades e o plano B ainda nem deixou o papel.


Tenho a impressão de que por traz da solução misteriosa existe a intenção de vender o clube. Os exemplos de Manchester City, Paris Saint Germain e outros, apresentados para convencer os resistentes à proposta, são clubes com donos. Outra realidade e outra legislação. Essa sociedade misteriosa seria de capital aberto ou fechado? Quem é o interessado em comprar? De onde vem o dinheiro esperado? Numa Sociedade Anônima o patrimônio do clube não estaria vinculado ao patrimônio dos “sócios”. Não me parece uma solução viável.


Fica a desconfiança de um misterioso mecenas, sócio majoritário, com ações preferenciais tocando um negócio chamado Botafogo. Muitas explicações precisam ser dadas e esclarecidas antes de mergulhar nessa solução misteriosa. O Botafogo precisa de gente que respeite sua história. Que resgate seus princípios e suas tradições. Que respeite seus associados e torcedores. Que tire o clube do abismo financeiro e que trabalhe muito. Principalmente, que seja responsabilizado pelo que fizer na instituição. Gente com nome e sobrenome. O Botafogo não é para aventureiros.

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