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  • Foto do escritorFutebol em Rede

Acredite, o caso Bruninho não é isolado

O que se viu no jogo Santos 0 x 2 Palmeiras foi um ato de ignorância e intolerância gratuita contra uma criança de apenas 9 anos que ficou feliz em ganhar a camisa do goleiro reserva do Palmeiras, Jaílson. Ponto para Jaílson que além de ser generoso soube acarinhar o sonho de uma criança. O caso é que Bruninho, que recebeu o presente é um santista desde o berço, joga na base do Santos, mas é mais desportista do que muitos marmanjões metidos a durões por aí.



Ele gosta do esporte e de quem pratica bem o futebol. É fã de Jaílson e também de Weverton, ambos goleiros do Palmeiras. Que mal há nisso? Ao contrário, tem que ser aplaudido por ter bom gosto. Jaílson é campeão brasileiro e reserva imediato do melhor goleiro em atividade no país e por isso é de Seleção Brasileira onde na minha opinião devia ser o titular.



Duvido que Bruninho não goste de João Paulo, excelente goleiro do Santos, e do reserva imediato dele, John, que também é muito bom. Mas há alguns idiotas em forma de gente que não aceitam isso. Acham que torcer é só gostar de jogadores do seu próprio time, mesmo quando o time não tem grandes estrelas como o atual Santos F.C. E quem está escrevendo isso é um santista que já conviveu com times ótimos e times horríveis. Já ganhou e já perdeu como todos na vida.



O caso é que fica fácil identificar os machões que queriam tomar a camisa de Jaílson das mãos de Bruninho, sabe-se lá para fazer o que. Eles tem que ser punidos. Várias manifestações a favor de Bruninho e lamentando o caso já apareceram mundo afora. Desde estrelas como Neymar, os próprios Weverton e Jaílson e o Rei Pelé, que postou uma foto antiga da saudosa Revista "Gazeta Esportiva", ao lado de Vavá, ídolo e amigo com o qual foi bicampeão do Mundo em 58 e 62. E daí? Os idiotas agora também vão criticar Pelé?



A verdade é que o mundo está enlouquecendo nas relações humanas. Ainda acredito que a maioria é do bem, mas há uma minoria do mal que faz muito barulho e acaba prejudicando a todos. É preciso dar um basta nisso. Uma vez Marcos, goleiro do Palmeiras, sugeriu que num clássico entre seu time e o São Paulo os times entrassem com camisas trocadas para dar resposta a torcida que vivia brigando na arquibancada. Os times entrariam e provavelmente os torcedores vaiariam seus próprios jogadores e quando houvesse a troca de uniforme no gramado perceberiam o quanto eram idiotas.



A ideia não vingou justamente porque havia pessoas dentro dos clubes que demonizavam o uniforme adversário. Eles se esquecem que só há jogo se houver adversário e isso deve ser valorizado. Eu já vi inúmeras vezes a idiotice dos chamados torcedores do futebol e já senti na pele também. A imprensa sempre é culpada quando um time vai mal. Engraçado é que nunca é culpada quando o time é campeão. No ano que o Corinthians caiu era comum sair do estádio sendo ameaçado e ouvindo impropérios. Parecia que tinha perdido os gols que os péssimos atacantes não conseguiam fazer.



Num jogo do Morumbi arrancaram a camisa de uma torcedora do Corinthians porque ela inadvertidamente passou perto de uma torcida organizada do tricolor. Onde já se viu torcer para o Corinthians num jogo contra o São Paulo, no Morumbi? Não vou nem falar nos atos que acabaram com vítimas fatais, infelizmente. Já houve casos de uma pessoa ser atacada por apenas usar uma roupa comum, mas com as cores do adversário. O sujeito apanhou sem saber porque. Nem tinha ido ao estádio, estava no ponto de ônibus indo para a casa. Não deu em nada. Os valentões fogem covardemente para não serem identificados.



Houve um jogo São Paulo e Palmeiras, no Morumbi, eu estava no sinal para entrar na João Jorge Saad e seguir para o Estádio quando parou do meu lado um ônibus cheio de torcedores do tricolor. Eu tinha uma BMV, ou seja, uma Brasília Meio Velha, de cor verde. Alguém gritou lá dentro: "Olha lá aquele palmeirense filho da puta. Vamos pegar ele" e vários torcedores começaram a descer do ônibus vindo em minha direção. O sinal abriu, acelerei o mais rápido possível e sumi. Seria agredido apenas porque meu carro era verde. De nada adiantaria argumentar que era uma coincidência e que na verdade eu torço pelo Santos. E mais do que isso, não sabia que era proibido ir ao estádio com um carro da cor do concorrente. Idiotas são normalmente surdos. Principalmente quando estão juntos. A turba é burra e violenta.



Eu poderia contar vários casos aqui que felizmente não terminaram mal ou em tragédia. Isso vem de algum tempo e só piora. Dizem que o ser humano evolui, eu tenho minhas dúvidas. Uma vez, em Piracicaba, no Barão de Serra Negra, um pai com um filhinho pequeno estava assistindo o jogo quando um torcedor mais exaltado na sua frente chamou o juiz de Filho da Puta. Imediatamente os adultos ao redor censuraram: "Calma. Olha o garotinho aí. Respeita a criança". O torcedor só faltou ajoelhar para pedir perdão ao pai do menino: "Desculpe, senhor, me exaltei". Isso foi na década de 70. Hoje quem xinga é o menino. Você acha que evoluímos?



Não há nada demais em admirar jogadores de outros times. A não ser que você não goste de futebol. Eu amava ver em ação Leão, Tafarel, Rodolfo Rodrigues, Marcos, Rogério Ceni, Ademir da Guia, Edmundo, Luis Pereira, Evair, César Sampaio, Roberto Carlos, Cafu, Pedro Rocha, Rivellino, Zico, Junior, Roberto Dinamite, Ronaldinho, Dicá, Oscar, Dario Pereira, Müller, Careca, Romário, Bebeto, Maradona, Totti, Kempes, Sérginho Chulapa, Pita, Ramos Delgado e tantos outros que ficaria aqui o dia inteiro dando os nomes. Muitos não eram do meu time, mas quem gosta de futebol gosta desses caras e os tem em alta conta.



Depois de estar nessa estrada falando de futebol desde fevereiro de 1972 quando tinha de 14 para 15 anos de idade, eu aprendi que a gente tem o nosso time, mas também torce pelos amigos e pelos caras bons que a gente conhece. Quando o Corinthians disputou a Libertadores e depois o Mundial, em 2012, eu disse alto e bom som na Jovem Pan. Vou torcer para o Corinthians ganhar. Um time com essa torcida precisa de títulos internacionais e o Tite, um amigo que fiz no futebol, também precisava se consolidar.



Também gostei demais daquele Palmeiras da Parmalat, do Luxemburgo e depois do Felipão; do São Paulo, de Cilinho e depois de Telê Santana; do Santos, de Luxemburgo e depois com Leão; da Portuguesa, de Candinho; do Inter, de Falcão; do Cruzeiro, de Tostão, Dirceu Lopes e mais tarde de Alex; Do Flamengo, de Zico; do Bahia, de Bobô e Cláudio Adão e tantos outros. Será que por causa disso eu sou menos Santista? Será que Bruninho é menos santista porque ganhou uma camisa do Jaílson? Se você acha que sim é na verdade um grande idiota.







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