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‘O Santos é uma esculhambação’


Entrevistei Andrès Rueda algumas vezes, logo no início da gestão dele como presidente do Santos. Fiquei com a impressão de que era um dirigente com boas ideias. Algumas até, na minha visão, difíceis de se colocar em prática. Como, por exemplo, impedir que os empresários de futebol interferissem na compra, venda e renovação de contratos, de jogadores e treinadores durante a sua gestão.

Não conseguiu.

Hoje Giovanni Bertolucci, empresário influente no mundo da bola, daqui e do exterior, tem livre trânsito na Vila Belmiro e no CT Rei Pelé.

Foi ele que intermediou a negociação do David Washington para o Chelsea.

Não só Bertolucci.

Outros empresários também participam das negociações do departamento de futebol do clube.

E não é só isso.

A dívida do clube não diminuiu. E diminuir a dívida foi a principal promessa de campanha de Andrés Rueda.

A gestão de Rueda é um desastre.

Financeiramente e esportivamente.

Sob o seu comando, o Santos lutou para não ser rebaixado no Campeonato Paulista nos últimos dois anos.

Foi eliminado da Copa do Brasil e da Copa Sul Americana.

E mais: o Santos não vai disputar a Copa do Brasil em 2024.

A não ser que um milagre aconteça e o time consiga uma vaga para a Libertadores da América no atual Campeonato Brasileiro, em que está na zona do rebaixamento.

O time acumula vexames.

Para piorar, o ambiente entre os jogadores é péssimo.

João Paulo, capitão da equipe, tem a liderança contestada por um grupo de jogadores. É acusado de fazer média com a organizada Torcida Jovem.

Segundo uma fonte com livre acesso aos jogadores, João Paulo já teria simulado uma contusão durante um clássico com o Palmeiras ano passado.

Teria feito isso para passar o Dia dos pais com os familiares.

“Que moral que o João Paulo tem para criticar o Soteldo pela expulsão de campo no jogo com o América? Este comportamento de um jogador que é o capitão do time pegou muito mal entre os jogadores”, disse uma fonte.

Soteldo, de acordo com esta mesma fonte, também divide opiniões no grupo de jogadores.

O venezuelano é visto como um jogador que goza de muitos privilégios no elenco. O fato de ele ter sido reintegrado após ter entrado em conflito com Paulo Turra, treinador demitido, enquanto Lucas Pires e Nathan, que foram surpreendidos em uma balada por torcedores do clube, foram afastados e posteriormente negociados, repercutiu muito mal no elenco.

Parte do Conselho Deliberativo do clube, que venceu a eleição na mesma chapa de Rueda, já está na oposição e exige explicações do presidente.

Os conselheiros querem saber o que Andrés Rueda está fazendo para evitar a queda do time para a Série B. Se isso ocorrer, será a primeira vez que o Santos será rebaixado em sua história.

O grupo de conselheiros quer explicações do mandatário santista sobre a situação financeira do Santos. O que é certo é que o Santos atualmente tem uma das maiores folhas de pagamento do futebol brasileiro.

Embora o time esteja na zona de rebaixamento da competição, a folha salarial do elenco já ultrapassa os R$ 15 milhões. Maior do que clubes como o Botafogo, líder com folga do campeonato, e o Atlético Mineiro, que tem em seu time astros como os atacantes Hulk e Paulinho.

A folha de pagamento do América (MG), Vasco, Bahia e Coritiba, que também lutam para não serem rebaixados, é muito menor do que a do Santos.

Uma frase é muito ouvida no clube e dá a noção exata do ambiente que ronda a Vila Belmiro no final da gestão de Andrés Rueda, que já avisou que não vai disputar a reeleição.

“O Santos é uma esculhambação”, diz a fonte.

Com o que concordam vários conselheiros e pessoas influentes no dia a dia do clube.


Wladimir Miranda cobriu duas copas do mundo (90 e 98). Trabalhou nos jornais Gazeta Esportiva, Diário Popular, Jornal da Tarde, Diário do Comércio e também na Agência Estado. Iniciou no jornalismo na Rádio Gazeta. Trabalhou também na TVS, atual SBT. Escreveu dois livros,de grande aceitação no mercado editorial: O artilheiro indomável, as incríveis histórias de Serginho Chulapa e Esconderijos do futebol.

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