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ENTRE TAPAS E BEIJOS. MAS SEMPRE COM TALENTO.


Na última semana, uma notícia mexeu com todos os palmeirenses.


Valdivia anunciou de forma oficial o fim de sua brilhante e controversa carreira. Aos 38 anos, “El Mago”, como era conhecido por todos os chilenos e também pelos torcedores do Verdão, avisou ao mundo que, a partir de agora, sua magia somente poderá ser vista em vídeos disponíveis nas redes sociais.


Em toda a mais do que centenária história do Palmeiras – e aqui falo com o conhecimento de ser um de seus historiadores -, jamais houve um caso de um jogador que dividisse tanto os torcedores. Pode-se dizer, sem medo de errar, que 50% daqueles que amam o verde e o branco idolatram o meia que nasceu na Venezuela mas se naturalizou chileno, enquanto a outra metade da galera palestrina o odeia com toda a força de seus corações.


E querem saber? Em minha opinião, ambos os lados têm razão. Os números de Valdivia refletem com exatidão esta dualidade de sentimentos e explicam tanto o amor quanto o ódio que sentem por ele pelos lados da Academia de Futebol. Antes de apresentá-los a vocês, porém, cabe deixar claro um detalhe importante: o camisa 10 teve duas passagens pelo alviverde – entre agosto de 2006 e agosto de 2008 e, também, entre agosto de 2010 e maio de 2015 -, e com rendimentos bem distintos em ambas. Vejam:

· Entre 2006 e 2008, ele disputou 93 partidas (72.0% do total que o time jogou - 129); já entre 2010 e 2015, foram 148 jogos (ou apenas 44.3% de todas as vezes em que o Palmeiras esteve em campo - 334);


· Entre 2006 e 2008, Valdivia marcou 24 gols (média de 0.25 por jogo); já entre 2010 e 2015, foram 17 os gols (ou 0.11, na média por partida);


· Entre 2006 e 2008, o estrangeiro que mais vezes vestiu a camisa verde e branca (241, ao lado do paraguaio Arce) esteve presente em 48 das 62 vitórias obtidas pela equipe (ou em 77.4% delas); já entre 2010 e 2015, enquanto o time ganhou 156 jogos, ele venceu apenas 75 (ou 48.0%).

Diante de tais números, chega-se facilmente à conclusão de que a primeira passagem de “El Mago” pelo Palmeiras foi muito superior à segunda, certo? Talvez. É que existe um outro dado, aliás importantíssimo, que mostra exatamente o contrário: entre 2006 e 2008, o craque ganhou apenas um título: o do Campeonato Paulista de 2008, do qual, aliás, foi eleito o melhor jogador pela FPF; já entre 2010 e 2015, ele levantou as taças das Copas do Brasil de 2012 e 2015 e da Série B do Brasileirão de 2013. Isso sem falar no vice do Paulistão de 2015.

À idêntica proporção em que desfalcava o time em momentos importantes – fosse por contusão, por falta de comprometimento nos momentos de recuperação, por exagerado apego à noite e seus encantos ou por convocações para a seleção do Chile –, Valdivia também encantava a torcida por sempre se dedicar ao extremo nos clássicos contra Corinthians, São Paulo e Santos. Mas a maior prova de que, apesar de todos os contras, ele também tinha seus prós, se deu no Campeonato Brasileiro de 2014, quando somente graças a ele e ao goleiro Fernando Prass o Verdão não sofreu aquele que seria seu terceiro rebaixamento à Série B. E quem diz isso não sou eu, mas sim Dorival Júnior, hoje no Flamengo/RJ e que na época era o comandante verde.

Após toda esta explanação, fica clara a dualidade de Valdivia com a camisa do Palmeiras e, também, porque parte dos palmeirenses o amará para sempre enquanto a outra parte o odiará eternamente. Talvez o único ponto em que concordam ambos os lados seja que o mais importante não é que seu comportamento mereça tapas ou que sua identificação mereça beijos.

O que realmente importa é que seu talento sempre merecerá aplausos.

Márcio Trevisan é jornalista esportivo há 34 anos. Escritor com cinco livros publicados, começou no extinto jornal A Gazeta Esportiva, onde atuou por 12 anos. Editou várias revistas, esteve à frente de vários sites, fez parte de mesas redondas na TV e foi assessor de Imprensa da S. E. Palmeiras e do SAFESP. Há 17 anos iniciou suas atividades como Apresentador, Mestre de Cerimônias e Celebrante, tendo mais de 450 eventos em seu currículo. Hoje, mantém os sites www.senhorpalmeiras.com.br e www.marciotrevisan.com.br. Contatos diretos com o colunista podem ser feitos pelo endereço eletrônico apresentador@marciotrevisan.com.br



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