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  • Foto do escritorFutebol em Rede

Sou da época que a imprensa se posicionava


Marcio Spimpolo, meu amigo e por muito tempo companheiro na Jovem Pan, me manda uma foto já bastante divulgada e comentada na época. Como dizem atualmente. Está no seu Story, no Instagram. Somos nós e outros companheiros de imprensa num protesto bem humorado e pontual contra Luiz Felipe Scolari, que chamou de palhaço o Rafael Prates, então repórter da falecida Rádio Globo, hoje comentarista da CBN.



Felipão de vez em quando se batia contra a imprensa, não deixava os jogadores darem entrevista e fazia o seu protesto contra alguma crítica, que achava maldosa ou mal colocada, à sua maneira. Era também um jeito de "proteger" seu grupo e uni-lo mais em determinados momentos. Nada a reclamar. Faz parte. Ele batia de lá e a gente de cá e a vida seguia.



Naquela semana o clima andava quente e a imprensa passou a ser culpada de muita coisa, segundo os palmeirenses. Talvez na história seja a torcida e o clube que mais vê inimigos na imprensa. Isso só não acontecia quando ganhava títulos. E agora até quando vence vive de nariz torcido. O Palmeiras/palmeirense é muito melindroso e se sente perseguido sempre. Fazer o quê? Cada um que conviva com seus fantasmas. Isso também não quer dizer que nunca tenha razão em seus reclamos. Em muitas vezes até teve, mas todo o dia também é exagero.



Diante da trombada de Scolari com o Prates e por tê-lo chamado de palhaço e acrescentando por extensão toda a imprensa com palavras e gestos, os repórteres que iriam cobrir o jogo do Palmeiras, na Arena Barueri, se uniram e resolveram usar um nariz de palhaço. Praticamente todos aderiram ao "movimento". Seria mesmo uma "palhaçada" e uma resposta bem humorada ao Felipão.



Lembro do Oscar Ulisses, por sinal chefe de Rafael Prates, nos recriminando pelo ato se esquecendo que era em defesa do seu comandado. Se fosse Osmar Santos, que é irmão dele e pelo que conheci no tempo de Record, teria descido para os vestiários e usado o nariz também se unindo ao protesto. Mas cada um é como é. Respeitamos.



Quando a delegação do Palmeiras chegou os jogadores, que estavam proibidos de falar com a gente, passaram rindo muito alto. Felipão passou sério sem dizer nada. Não sei se alguém o avisou do evento, mas se eu fosse assessor de imprensa, ou se fosse o próprio Felipão, entraria no clima, "roubaria" um nariz de palhaço de um de nós e acabaria com aquela bobagem ali mesmo. Mas de novo, cada um é como é.



Tudo isso para lembrar de um tempo em que a gente não costumava deixar passar nada. Tempo em que a imprensa se posicionava. Pelo menos na sua maioria. Embora de prefixos diferentes havia um bom entendimento entre nós. Sem querer ser saudosista, mas já sendo, a convivência era rotineira inclusive com os jogadores. Exceção feita a esses momentos de estremecimento com o Felipão, mesmo com ele a convivência era boa.



Era o tempo que repórter podia perguntar sem perguntar ao assessor de imprensa se podia perguntar. Entravamos até nos vestiários. As polêmicas ali surgidas eram resolvidas ali mesmo sem frescura. Grandes matérias surgiam no pré e no pós jogo. Quantas vezes achei que estava fazendo a matéria do dia, mas do lado um companheiro estava com outra melhor ainda. E ninguém ficava "puto" com isso. Cada um fazia do seu jeito. Não existia em via de regra a coletiva emburrecedora de hoje onde tem repórter fazendo perguntas mais longas que as respostas. Não sei se aquele tempo era melhor ou pior, mas uma coisa tenho certeza; Era diferente, bem diferente.



Em Tempo: Apesar desse "movimento", e de outras batidas de frente, tenho Luiz Felipe Scolari em alta conta. A gente sempre acabou se entendendo. Tenho muito respeito por ele. É um vencedor, bom papo, italianão de boa cepa que não foge do pau, nem da discussão e nem de suas convicções. É um cara honesto. Torço por ele. Além de grande treinador sempre foi um grande entrevistado. Com Felipão você não perde tempo com nhennhennhén. Perguntou, ele responde. Não tem palhaçada.






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