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O QUE O RIO PODE ENSINAR A SAMPA



Confesso que fiquei com inveja.

 

No último sábado, cumpri uma promessa que fiz a meu filho há muitos anos: levei-o ao Maracanã. Propositadamente, escolhi o clássico entre Fluminense e Vasco da Gama, a fim de que ele pudesse não só conhecer o mais importante palco do futebol mundial mas também viver a emoção de um jogo com muita história e muita rivalidade. 

 

Acontece, porém, que me dirigi ao Rio de Janeiro/RJ com a cabeça do paulista que sou. Por isso, tomei todos os cuidados para que nada que fizéssemos pudesse comprometer nossa segurança no estádio: nem eu e nem ele usamos roupas que indicassem a referência por nenhuma das equipes e chegamos bem cedo, para que evitássemos congestionamentos e as filas na hora da entrada.

 

E foi então que minhas surpresas começaram. Como nossos ingressos foram comprados em um setor reservado exclusivamente à torcida tricolor, tinha certeza absoluta de que apenas tricolores transitariam em suas imediações. Mas, não: foram inúmeros – repito: inúmeros – os vascaínos que cruzaram conosco (e com milhares de torcedores do Flu) e nada, absolutamente nada aconteceu. Não vi uma agressão, um xingamento e nem mesmo um olhar feio para os cruz-maltinos, que também em momento algum hostilizaram seus oponentes. Ou seja: um exemplo de civilidade que, infelizmente, aqui em São Paulo não se vê mais há muito tempo.

 

Outro ponto que me chamou a atenção foi a presença de orientadores em todo o entorno do Maracanã. Havia centenas de jovens, devidamente identificados com jalecos, explicando a todo torcedor que, assim como eu e meu filho, não soubesse exatamente onde ficava o portão correto ao qual deveria se dirigir. Alguns, até utilizavam alto-falantes, para que pudessem ser ouvidos mesmo à distância e, também, para que aqueles que necessitassem de suas instruções nem precisassem se aproximar para ter suas dúvidas dirimidas.

 

Já dentro do estádio e à entrada das arquibancadas, há amplos espaços nos quais se podia comprar alimentos, bebidas e produtos do Fluminense, e como havia vários funcionários espalhados pelo local, a venda se dava através de cartão de débito ou crédito – ou seja: sem tumulto na hora de pagar e nem de retirar o produto que havia sido comprado.

 

Por fim, na saída, outro ponto positivo: a torcida vascaína, obviamente em menor número, teve de esperar 40 minutos após o término da partida para poder deixar o Maracanã, o que obviamente acabou com todas as já mínimas chances de qualquer tipo de confusão. Ao final do clássico, saindo tranquilamente do estádio, meu filho disse algo que não apenas me fez pensar mas, como disse aí em cima, também sentir inveja do futebol carioca.

 

_ Pai, que bom seria se em Sampa também fosse assim... 


­­­­­­­­­Márcio Trevisan é jornalista esportivo há 35 anos. Escritor com cinco livros publicados, começou no extinto jornal A Gazeta Esportiva, onde atuou por 12 anos. Editou várias revistas, esteve à frente de vários sites, fez parte de mesas redondas na TV e foi assessor de Imprensa da S. E. Palmeiras e do SAFESP. Há 17 anos iniciou suas atividades como Apresentador, Mestre de Cerimônias e Celebrante, tendo mais de 450 eventos em seu currículo. Hoje, mantém os sites www.senhorpalmeiras.com.br e www.marciotrevisan.com.br. Contatos diretos com o colunista podem ser feitos pelo endereço eletrônico apresentador@marciotrevisan.com.br.




 

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