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Roberto Silva e o cheque "roubado" na crise da Record

Roberto Silva e o cheque "roubado" na crise da Record. Trabalhei na Rádio Record de dezembro de 1984 a novembro de 1989. Grande equipe. Começou com Oswaldo Maciel quebrando tudo, inclusive a audiência dos concorrentes, e depois veio o genial Osmar Santos. Nesse meio tempo chegaram repórteres como o excelente Oswaldo Pascoal, hoje meu companheiro de FOX SPORTS, Roberto Carmona, com uma força de trabalho e capacidade impressionante e o genial Roberto Silva, um dos maiores metas que ouvi nesse país.



E eu no meio dessa turma dando minhas tacadas de vez em quando e aprendendo com eles também. Lembro que o Roberto Silva, popular Brajolão, o bom mineiro, tinha grandes tiradas. Uma vez ouvindo-o ainda na Bandeirantes numa transmissão com Ênio Rodrigues, ele chama o locutor no meio de um jogo da Portuguesa: "Ênio, você sabe porque o cachorro do português vive com o focinho machucado?. E o Ênio: "Não sei, não. Por que Roberto? "Porque ele corre atrás de carro parado, Ênio".



Mas voltando à Record, nessa época havia muitos problemas financeiros. Vivíamos a inflação galopante com números estratosféricos. Meu contrato por causa disso tinha um gatilho de aumento de 3 em 3 meses, nunca foi cumprido e fui receber depois na justiça. Eu e muitos outros. Sai de lá para aJovem Pan um dia depois que a Record foi vendida para o bispo Edir Macedo. Foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida profissional.



A situação era tão ruim que nossos salários eram pagos só no décimo dia útil e não no dia 10 como virou tradição até na música do Raul Seixas. Quando tinha um feriado no começo do mês o salário só saia na segunda quinzena às vezes depois do dia 20. Além disso era a época do Over Night com os bancos remunerando dinheiro em conta à noite. Isso era um problema a mais para nós. No dia do pagamento a Record depositava depois das 4 da tarde, ou seja, com o banco fechado ficava lá aplicado e se fosse numa sexta-feira só saia na segunda, amigo. E não adiantava reclamar, até a meia noite ainda era o décimo dia útil e estava dentro da lei.



Diante disso, combinamos com a Martinha, gerente do posto do Bamerindus dentro da Record, que nos avisava quando haveria o lançamento dos salários. A gente fazia a fila e quem estivesse ali seria atendido mesmo depois das 16 horas. E assim foi. Era época da conta anotada a lápis numa folha que ficava no arquivo do banco. Tinha que checar um por um. Só quem viveu para entender.



Gonçalo Leme da Silva era o nome do Roberto Silva, mas a empresa dele tinha o nome artístico que ele carregava com muita honra. Era Roberto Silva acrescido do LTDA ou coisa que o valha. Todo mês era um perrengue para receber. Ele tentava tirar dinheiro da empresa que é claro não batia com o nome dele nem no cheque que ele mesmo preenchia. E era uma discussão com a moça do caixa: "Eu sou o dono da firma, minha Senhora. A senhora tem que me dar o dinheiro"



Não, o senhor é o Gonçalo não o Roberto Silva. Não bate de jeito nenhum. "Então chame a gerente". E lá veio ela, aí Roberto Silva deu mais uma de suas tiradas. "Dona Martinha, a moça do caixa acha que todo mês eu roubo um cheque da mesma pessoa, do mesmo valor e venho no mesmo banco descontar. Eu seria o ladrão mais burro do Mundo. Faça-me o favor". Isso acontecia quase todo mês. A salvação era a Martinha que pagava o Roberto sob os olhares desconfiados da moça do caixa. Tem muita história para contar. Deixa para outro dia.







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