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  • Foto do escritorFutebol em Rede

CORAÇÃO ATROPELA AS PERNAS


Tudo foi tão rápido que nem deu para assimilar o golpe. Em questão de horas o São Paulo demitiu Hernan Crespo, anunciou a volta de Rogério Ceni ( Foto – Rubens Chiri/SPFC ), tudo saiu no BID da CBF e na mesma noite o novo treinador deu treino no Morumbi. Nem deu tempo para apagar a frase do treinador argentino: “Donde no llegan las piernas va a llegar el corazón”. Frase que deve ter inspirado a veloz diretoria. O time estava ruim das pernas, a solução é escutar o coração e trazer o amado Rogério Ceni. Hernan Crespo foi vítima da sua própria criação.


As pernas de Hernan Crespo não chegaram longe pelos seus vícios. Como treinador está longe do jogador que foi. Ainda em início de carreira levou o Defensa y Justicia ao título da Copa Sul-Americana com um esquema pouco ofensivo, do tamanho do clube. No São Paulo adotou três zagueiros, três volantes e um ataque pouco efetivo. Ganhou o Campeonato Paulista apostando tudo, enquanto rivais preservavam força. Lógico que teve méritos. Porém, a aposta custou caro.


Crespo só não caiu antes porque a contratação de Rigoni, acerto dele, evitou um desastre maior. Sua comissão técnica argentina desconhece o ritmo e a importância de cada competição. O excesso de contusões no elenco não foi simples coincidência, faltou conhecimento e planejamento. A falta de conhecimento do futebol brasileiro fez o treinador inflar o elenco de estrangeiros. “O São Paulo tem mais argentinos no Morumbi do que Balneário Camboriú nas férias de verão.”, frase do humorista Alexandre Porpetone.


Falta de conhecimento local, pressão física para marcação na competição estadual, esquema tático defensivo e muito abaixo da exigência do tamanho do clube. O número excessivo de estrangeiros causou intriga de empresários. Benitez não joga 90 minutos. Orejuela nem na reserva fica. E as invenções como Vitor Bueno de centroavante e Galeano de lateral, comprometeram o trabalho. Acertou em Rigoni, acertou em Nestor, mas deixou muitos insatisfeitos no elenco.


Rogério Ceni é sim mais treinador do que Crespo, hoje. O início de carreira é passado. De lá para cá, Ceni ganhou três estaduais (dois com o Fortaleza e um no Flamengo) e dois brasileiros (série B com o Fortaleza e atual com o Flamengo). Nem dá para comparar com o argentino. Para o torcedor e boa parte da diretoria, o coração falou mais alto e o mais vencedor goleiro do São Paulo, recordista de jogos e maior goleiro artilheiro da história está de volta ao ninho.


Não há garantias de que a troca vá dar certo. Pelo menos, por ser da posição, Rogério Ceni pode fazer Thiago Volpi ser mais do que um gandula nos jogos importantes. Ironia à parte, diz o ditado que a pressa é inimiga da perfeição. A troca foi rápida demais. Deixou a impressão de que era carta marcada, faltava só avisar o argentino do embarque para Buenos Aires. Horas depois da demissão de um, anunciada a chegada de outro e com treino noturno agendado. Puxaram o tapete, foi feio. Crespo já sabia, foi chato. O futuro vai esclarecer a mudança repentina de rota.

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