Você gosta de campeonatos de pontos corridos?
Todos que apoiam este tipo de sistema, e este jornalista é um deles, defende sua posição alegando que quando a competição é disputada em dois turnos (como acontece em quase todos os países) o campeão é sempre o time que mais o mereceu ser. Afinal, o raciocínio é simples: por mais erros de arbitragem que possam acontecer (e no Brasil, infelizmente, eles são corriqueiros), é praticamente impossível que o pessoal do apito – e, agora, também do vídeo – seja capaz de impedir que a melhor equipe levante a taça ao fim da competição. Ou seja: faz-se justiça.
Só que nesta fórmula de disputa há um porém: nenhum dos participantes pode disparar na liderança, ou seja, ninguém pode ficar muito à frente dos demais participantes, pois isso faz com que a disputa pelo caneco acabe perdendo a graça. Quando isso acontece, o interesse dos torcedores diminui, a presença do público nos estádios sofre uma relativa queda, a audiência da TV despenca ou fica muito perto disso.
Justamente por esta razão, a partir de agora o Palmeiras precisa ficar muito, mas muito atento às arbitragens, tanto as de campo quanto as de vídeo. Líder do Campeonato Brasileiro desde a 10ª rodada – ou seja: há 14 delas –, o Verdão não parece muito propenso a cair tanto de rendimento a ponto de permitir que um e muito menos alguns de seus principais adversários sequer se aproximem dele com perigo. Faltando 15 partidas para o término do torneio, a equipe comandada pelo português Abel Ferreira soma 49 pontos e está consideravelmente distante de seus mais diretos perseguidores e, por consequência, daqueles que ainda podem sonhar em fazer a festa no fim deste ano: 8 pontos à frente do Fluminense/RJ, 9 do Flamengo/RJ, 10 de Corinthians e Internacional/RS e 11 do Atlético/PR. O outrora favorito ao título e atual campeão Atlético/MG, neste momento 14 pontos atrás, nem pode aparecer mais nesta relação.
E por mais paradoxal que pareça, é exatamente este o maior problema do Verdão. Domingo, a equipe empatou com Flamengo/RJ, mas se tivesse sido marcado a seu favor o pênalti claro que Vidal cometeu em Gustavo Gómez no último lance do jogo (em jogada que o VAR sequer sugeriu a revisão ao árbitro de campo) muito provavelmente as vantagens acima seriam dois pontos maiores. Ou seja: o caminho rumo à conquista de seu 11º título do Brasileirão estaria ainda mais curto. Para piorar, seu próximo adversário é justamente o atual vice-líder da competição, o Fluminense/RJ, e se vencer no sábado o alviverde aumentará sua vantagem em relação ao Tricolor carioca para inacreditáveis 11 pontos, faltando então apenas 14 jogos a serem disputados.
Será que me fiz entender? Creio que sim. Mas caso não me tenha feito, serei mais direto: uma vitória no Maracanã não interessa a ninguém – a não ser, claro, ao próprio Palmeiras. Por isso, a presidente Leila Pereira, sua diretoria, jogadores, Comissão Técnica e também os cerca de 16 milhões de palmeirenses espalhados pelos quatro cantos do mundo devem estar muito atentos, a fim de impedir que qualquer tipo de interesse e/ou de ação extracampo possa interferir na lisura da disputa. Se o Fluminense/RJ vencer o jogo e diminuir para 5 pontos a distância em relação ao Verdão, que o consiga por méritos, e não apenas porque isso será mais interessante a seja lá quem quer que for.
Em outras palavras: abre o olho, Palmeiras!
Márcio Trevisan é jornalista esportivo há 34 anos. Escritor com cinco livros publicados, começou no extinto jornal A Gazeta Esportiva, onde atuou por 12 anos. Editou várias revistas, esteve à frente de vários sites, fez parte de mesas redondas na TV e foi assessor de Imprensa da S. E. Palmeiras e do SAFESP. Há 17 anos iniciou suas atividades como Apresentador de Eventos, Mestre de Cerimônias e Celebrante, tendo mais de 450 eventos em seu currículo. Hoje, mantém os sites www.senhorpalmeiras.com.br e www.marciotrevisan.com.br. Contatos diretos com o colunista podem ser feitos pelo endereço eletrônico apresentador@marciotrevisan.com.br
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