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A "conversa" de Tite com Gerson

Com a ausência de jogadores dos times ingleses, entre eles alguns titulares da Seleção, Tite foi obrigado a preencher as vagas com atletas que não estavam na primeira lista. Se não tem tu, vais tu mesmo, diria o gaúcho Adenor Bachi. Ou como diria o genial Telê Santana: "Com menos de 11 a gente não entra nunca. Dá-se um jeito". Aliás, essa é a função do treinador.



Apareceram nomes que eram pedidos a tempo e sempre esquecidos em benefício daqueles que supostamente já tinham atuado e aproveitado bem a chance. Um deles, o discutido Fred, jogador mediano que fez boa Copa América e parece ter convencido Tite que devia continuar no time ao lado de Casemiro, titular indiscutível da cabeça de área. Outro que ganhou espaço foi Lucas Paquetá e na base do suor e alguma técnica também o atacante Richarlison.



Mas com tantas ausências outros vão chegando. É a vida. Daí Gerson, que não foi liberado pelo Olympique, de Marselha, para a Olimpíada, finalmente foi convocado para a Seleção Principal. Acredito que nem ele esperava mais depois de recusar a Seleção em 2019, ter antecedentes do mesmo tipo nas Seleções de Base e excluído da Olimpíada por motivo já citado.



Dessa vez o clube francês não colocou obstáculo e o liberou. Quando o telefone tocou na casa de Gerson o avisando que tinha sido requisitado talvez tenha pensado que era trote. Na sua entrevista quando questionado sobre os problemas que teve, ou a mágoa que deixou em alguém da CBF, por não se apresentar em 2019, saiu pela tangente e respondeu que isso é passado.



Fiquei imaginando como teria sido a conversa de Tite com Gerson na apresentação à Seleção. É claro que é hipotética. Eu não estava lá e ninguém da imprensa. Tudo agora é proibido por causa da Pandemia e porque também parece que a Seleção tem vergonha de aparecer. É tudo escondido. Talvez seja reflexo dos escândalos da direção da CBF. Talvez, quem sabe? E já seria um avanço se envergonhar, mas vamos a hipotética conversa do professor e o jogador nas linhas abaixo.



Tite: "Que bom que tu veio, guri. Jogas muito, Tchê".

Gerson: "Obrigado, professor", mas dentro da sua cabeça a pergunta salta: "Então porque não me convocastes antes, Tchê?"

Tite: "Uma pena não ter ido a Olimpíada. Hoje poderia se apresentar com a medalha de ouro no peito"

Gerson: "Verdade, professor, mas o meu clube vetou e não pude fazer nada. Mas agora estou aqui"

Tite: "Você sempre esteve no meu radar. Agora na Europa evoluiu muito. Faz o box to box com mais perfeição".

Gerson: "Ah, sim, professor. O Sampaolli gosta dessa passagem e também gosta de ter o controle do jogo. Isso é bom para mim. Mas no Flamengo eu já fazia isso, né?" Quase completou. "Na França, seria algo como case en case ou zone à zone", mas não teve coragem.

Tite: "É, mas não é a mesma coisa. Lá é outro mundo, você está mais perto da Seleção jogando na Europa. Os meus olheiros vêm isso todo dia, Estão vendo a sua evolução"

Gerson: "Claro, professor, agradeço a chance" (Mas dentro da cabeça de Gerson uma pergunta não quer calar: De que esse cara está falando? Eu acabei de voltar para a Europa e já evoluí tanto assim? Melhor ficar quieto senão acabo perdendo para o Fred de novo).



Como pensamento não tem som, ambos saem sorrindo com o reencontro. Enquanto Tite vai "estudar" as novidades do futebol da Irlanda, Gerson vai tomar o seu lanchinho para acabar de engolir essa louca conversa. É claro, que não aconteceu assim, mas se acontecesse eu não estranharia. Boa sorte Gerson. Boa sorte, Tite.


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